Suicídio: Vivência de uma Dor Emocional Intolerável
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Suicídio: Vivência de uma Dor Emocional Intolerável

Muitas vezes julgados (as) por um discurso “pesado”, acabam por manter em silêncio o sofrimento. A palavra é uma forma de simbolizar (de se manifestar) para que a pessoa não parta para o ato. Quando a pessoa parte para o ato, seja uma agressão ou até mesmo o suicídio, pode ser porque, de alguma forma, não foi possível dar um outro trajeto para esses sentimentos.



Independente do ponto de vista pelo qual é analisado o suicídio, a vivência é de uma dor emocional intolerável. A pessoa que realizou o ato de se suicidar abandona muitas outras coisas – amigos e familiares – que consequentemente a vida será profundamente atravessada desde o ponto de vista social, emocional e econômico.


Alguns fatores de risco para o suicídio pode ser certas situações clínicas como doenças crônicas da qual a pessoa fica inabilitada, desfigurada ou dolorosas intervenções. Personalidade que possui forte traço de agressividade e impulsividade, perdas recentes, perdas de membros parentais na infância, fácil acesso a meios letais, conturbações na dinâmica familiar, etc. Pessoas que já tentaram suicídio pode ser um grupo considerado de maior risco para cometer o ato novamente.


Os valores sociais podem interferir como fatores de proteção ou de risco. Por exemplo, sociedades que legitimam a reciprocidade, propõe incentivos para conversas e são abertas a mudanças e trocas de opinião, talvez possam proporcionar aspectos mais protetivos frente a possibilidade de ocorrer suicídio. Já em sociedades nas quais pedir auxilio é visto como um sinal de fragilidade acontece o oposto.


Aliás, suicídio é a vivência de uma dor emocional intolerável. Vai muito além de frases motivacionais ou comparações: – “Precisa se animar um pouco, relaxa, todo mundo tem problema!” – “Ah! Para com isso é frescura, falta de procurar algo para fazer!” – “Eu acho que isso é falta de Deus na sua vida”


olho com uma pessoa pedindo ajuda atras desse olhar

A prevenção do suicídio ocorre por meio da diminuição dos fatores de risco e reforço dos fatores ditos protetores, como por exemplo, sentir-se integrado a uma comunidade ou grupo; fazer análise ou psicoterapia pode auxiliar nas questões emocionais; bons vínculos afetuosos; estar casado ou com companheiro (a) fixo; religiosidade; ter filhos pequenos etc.


O sentimento de “pertencer”, através do sentir-se fortemente ligado a um grupo étnico ou religioso, a uma família ou algumas instituições, em uma comunidade que pode proteger a pessoa do suicídio, nesse sentido, compreende-se que há poucas manifestações do suicídio com sentimentos de desesperança e solidão.


E então? Quando a pessoa fala “quero morrer” está falando do que? Acabar com a angustia? Desfazer daquilo que dói?


Em psicanálise (análise) ou psicoterapia, por exemplo, o psicólogo oferece uma escuta totalmente individual, no um a um, é sobre transformar essa angústia em palavra, procurar por um espaço de escuta aponta cansaço junto a coragem de não querer ficar na mesma, é sobre trabalhar muito em análise.

Aponto para a cautela quando por via dos medicamentos tiramos a possibilidade de que a pessoa fale sobre isso.


Considerar os aspectos que reduz o suicídio é, reconhecer que há possiblidade para oferecer a essas pessoas outras maneiras de enfrentamento, é oferecer outras alternativas e mostrar que esse ato fatal não é a única solução para o sofrimento.


Psicóloga Renata Gonçalves – CRP 06/122453

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