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Foto do escritorRenata Gonçalves

Psicólogo é para Louco? 8 Curiosidades Sobre o Profissional da Psicologia

Este artigo é baseado em curiosidades e dúvidas de amigos (as), familiares, pacientes e curiosos ao longo do tempo de minha formação e atuação como psicóloga.



Separei 8 curiosidades sobre o profissional da psicologia, pois para uma boa parte da população a psicologia ainda é uma das profissões que gera muitas dúvidas de como o psicólogo trabalha.


As vezes criamos um conceito sobre algo que não necessariamente se trata da realidade, de modo geral, nos baseamos no senso comum sobrecarregado de pré-conceitos acumulados ao longo do tempo de nossas vivências.

É importante ampliar o conhecimento sobre a psicologia e o psicólogo de modo a desmistificar equívocos sobre a profissão que as vezes surge por falta de informação.


cerebro dentro de uma lampada

1. Posso fazer faculdade de psicologia por hobby ou para meu autoconhecimento?


Algumas pessoas já me falaram que gostariam de fazer o curso de psicologia para adquirir autoconhecimento. Pelo simples fato de ter um hobby de gostar de observar as pessoas, gostar de ouvir, muitas vezes se sentem o psicólogo do amigo (a) ou da família e, ao fazer o curso poderia adquirir manejos de "prever" comportamento humano.


Houve pessoas que me falaram que se fizerem o curso de psicologia estará se conhecendo melhor, vai driblar melhor os problemas e os traumas, lamento decepcionar, mas é um grande equivoco.


Quando queremos buscar o “autoconhecimento”, buscar algumas respostas de como funcionamos no meio social, pessoal e profissional, neste caso fazer psicoterapia seria o mais adequado e não fazer uma faculdade de psicologia.

O que é psicoterapia? Ao identificarmos que nossa vida não está no sentido que escolhemos – quando estamos frente as dificuldades que nos parecem insuportáveis, nos percebemos perdidos, nos deparamos com dores emocionais fortes, a psicoterapia surge como um local privilegiado para falar sobre essas questões.


2. Psicólogo é para louco?

Essa pergunta é um clássico no consultório, muitos trazem esse questionamento quando buscam um psicólogo, psicanalista ou psiquiatra – “Será que fiquei louca (o)?”

Muitas pessoas que acreditam ou julgam que ao buscar psicólogo é assumir-se “insano”, então você, sendo “normal”, nunca se sentiu confuso, sobrecarregado, angustiado, triste, perdido? Com questões no relacionamento, insatisfação com a vida profissional, pessoal, familiar, dificuldade de aprendizagem, adaptação e até mesmo perdas podem ser abordados na psicoterapia.

Psicólogo precisa ser visto como profissional da saúde mental e não somente da doença mental. É preciso ter cautela com a forma como tratamos o que não sabemos ao certo e desconstruir o que se compreende por “loucura”. Aliás, não fica louco quem quer.

A psicologia surgiu em seu contexto clínico, diante de demandas específicas focadas na doença mental e desajuste social, com o tempo essa percepção foi mudando de uma ideia de cura para uma ideia também de prevenção, manutenção e promoção de saúde.

Atualmente as pessoas procuram psicólogos não porque estão doentes, mas porque querem se desenvolver enquanto pessoa, aprender lidar com suas próprias dificuldades e questões, que sem exceção, todos temos.


3. O Psicólogo não adivinha nada, nem “tem bola de cristal”


Muito menos bruxo da sociedade contemporânea. Ao longo do meu percurso estive diante de pessoas que levantaram a questão que o psicólogo tem “bola de cristal”, assim, é possível obter “vidência” dos sentimentos e pensamentos dos pacientes.


A principal ferramenta do psicólogo é a escuta. Temos uma bagagem para descobrir o que está “invisível” e, a partir disso a pessoa, grupo ou instituição possui um papel fundamental. Para que se desenvolva o trabalho, é necessário que as pessoas contem sua história, falem de si, exponham suas reflexões, dialoguem.

Nada está pronto! A partir da escuta e de nossa bagagem teórico-prática, construímos caminhos junto ao sujeito. De certa forma, poderíamos dizer que as pessoas sabem muito sobre si mesmas; no entanto, o psi dispõe de instrumentos adequados para auxiliar a organizar, entender e colocar em pratica esse saber, consequentemente pode permitir transformação de sua ação perante o meio em que está inserido.



4. Por que procurar um psicólogo se eu tenho amigos?


Eis a questão!

Claro que o apoio de qualquer pessoa pode auxiliar a superar uma dificuldade – assim como dançar, fazer ginástica, ouvir música, tomar uma cervejinha no bar com as amigas (os).


Um amigo lhe proporcionará um apoio no sentido de dizer o que faria em seu lugar e irá te aconselhar. Já a intervenção da psicóloga é planejada e intencional com o intuito de direcionar naquele aspecto percebido como crucial.


O psicólogo faz uso de ferramentas e estratégias para auxiliar o paciente a decidir seu próprio caminho. Não devemos e nem podemos tomar decisões pelo paciente. O caminho é seu e você quem deve percorrê-lo.



5. O psicólogo analisa todo mundo o tempo todo?


Essa questão aparece em diversos lugares quando tem um psicólogo na família, entre amigos, ou até mesmo entre desconhecidos.

Qual psicólogo que não ouviu essas frases ou suas variações:


– “Está me analisando?”

– “A minha amiga isso, meu namorado aquilo… O que você pensa a respeito?”

– “Sobre toda essa história que lhe contei, você acha que eu tenho algum problema? O que eu tenho de fazer?”

– “Você que é psicóloga deve saber, pode me dar alguns conselhos!”


Acho compreensível as pessoas falarem isso, mas é um grande equívoco. Alguns propagam estereótipos sobre os psicólogos: aqueles que querem ajudar, serenos, bondosos, etc.


Acredito que não esteja claro para as pessoas que dentro do consultório estamos exercendo uma função muito específica, e que em nosso dia a dia não é assim que acontece. Não trabalhamos fora do trabalho, isso está completamente fora da ética profissional.


No tempo livre conversando com alguma colega a escuta é muito diferente daquela que exerço no trabalho. Eu quero poder rir das piadas, fofocar, sonhar junto, trocar experiências. Eu quero poder dizer que sinto muito, que fico feliz por ela, quero alimentar meu ego e ao final da conversa ir embora sem ter que receber algo ou pagar ($).


Sem dúvida que mesmo em nossa vida pessoal trazemos um total de bagagem e, ainda assim, não aplicamos técnicas no cotidiano, com nossos familiares ou amigos e muito menos, os analisamos. Pode-se dizer que algum psicólogo que faça isso, estaria precisando de ajuda.


E como ficariam as minhas relações? O quanto seria insuportável analisar tudo o tempo todo? Onde estaria a filha, mãe, amiga, colega? Como seria casar e ao invés de esposa fosse analista do marido?


6. Psicólogo tem uma “receita mágica” para resolver os problemas

Alguns pacientes chegam com tais questões:

- "Busquei ajuda porque me sinto ansioso demais, estou aqui para você falar o que eu devo fazer."

- "Ah! Você é psicóloga me ajuda a resolver isso!”.

E não é bem desse jeito que funcionam as coisas. Não resolvemos os problemas em alguns segundos, é necessário um tempo para que isso ocorra. O psicólogo trabalha com a escuta, com a singularidade do sujeito, ou seja, não temos manual ou uma receita pronta de como resolver os problemas alheio, cada pessoa é único em sua história.

Muitas vezes a pessoa não consegue enxergar sozinha, mas quem possui a solução dos conflitos é ela mesma. Portanto, não existe mágica, auxiliamos nesse processo e todo processo leva tempo.


7. Psicólogo “tira de letra” os problemas e as dificuldades e não precisa fazer psicoterapia ou análise


Se fosse assim, não existiriam nutricionistas acima do peso e os médicos não ficariam doentes.


A maioria das pessoas acham que os psicólogos lidam bem com as próprias emoções. Acho essa analogia sensacional! É quase como dizer que um dentista lida bem com as próprias caries.

No curso de psicologia aprendemos que também precisamos de análise ou psicoterapia, conhecer nossos “monstros” internos para poder lidar com os das pessoas.

Vivemos no mesmo mundo e passamos pelas mesmas dificuldades que qualquer pessoa. Não somos semideuses, antes de sermos psicólogos, somos seres humanos e isso nos aproxima. Pelo menos algumas de suas batalhas e dores, se assemelham às minhas.


8. O psicólogo que não é casado, não tem filhos, ou é muito jovem não vai compreender o que estou enfrentando por não ter passado por essas experiências

Importante ressaltar que esse tipo de pensamento é muito comum em relação aos profissionais que se formam muito cedo e, não é bem assim. Este profissional adquiriu experiência a partir de sua formação, realidades sociais, anos de estudos sobre o ser humano, estágios supervisionados, do qual permite que haja conhecimento sobre as diversas realidades e situações vivenciadas pelas pessoas.

“Se o psicólogo não teve depressão, não vai saber na prática o que eu tenho. Só quem passou sabe como é.” - Um médico não precisa ter câncer para saber lidar e tratar do câncer, Certo? Com o psicólogo funciona da mesma forma.

A caminhada acadêmica, estágios, supervisão, atendimentos, diversas matérias, visitas a diversas instituições possibilitaram outro tipo de conhecimento, que não precisa vir apenas da vivencia em si. Aliás, o tripé (análise/psicoterapia, supervisão, estudos) devem continuar após a graduação.


Psicóloga Renata Gonçalves – CRP 06/122453


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Psicóloga Responsável

Renata Gonçalves da Silva

CRP-SP 06/122453

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